Bem-vindos ao meu cantinho da escrita, espaço onde as folhas voam à medida do seu desejo e seguem rumos distintos. As folhas são como nós, todas diferentes e oriundas de uma raiz comum; uns dias felizes, outros nem tanto; uns dias cheias de esperança e outros dias sem vontade de uma brisa que seja; uns dias derrotadas, mas outros dias vitoriosas. E neste balanço da vida, as folhas vão caindo aqui, sempre por vontade delas.
domingo, novembro 12, 2006
Feminina de Mário de Sá-Carneiro
Eu queria ser mulher pra me poder estender/ Ao lado dos meus amigos, nas “banquettes” dos cafés./ Eu queria ser mulher para poder estender/ Pó de arroz pelo meu rosto, diante de todos, nos cafés./ Eu queria ser mulher pra não ter que pensar na vida/ E conhecer muitos velhos a quem pedisse dinheiro –/ Eu queria ser mulher para passar o dia inteiro/ A falar de modas e a fazer “potins” – muito entretida./ Eu queria ser mulher para mexer nos meus seios/ E aguçá-los ao espelho, antes de me deitar –/ Eu queria ser mulher para que me fossem bem estes enleios, / Que num homem, francamente, não se podem desculpar./ Eu queria ser mulher para ter muitos amantes/ E enganá-los a todos – mesmo ao predilecto –/ Como eu gostava de enganar o meu amante loiro, o mais/ Esbelto, / Com um rapaz gordo e feio, de modos extravagantes.../ Eu queria ser mulher para excitar quem me olhasse, / Eu queria ser mulher para me poder recusar...
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